domingo, 17 de janeiro de 2010

Amor Mortal

Certo dia, ao andar pela rua, me deparei com uma mulher chorando em um banco da praça, eu desconhecia a causa de sua coita, mas esta cena fez-me lembrar da Silvia velha, que de idosa não tinha nada, era chamada assim devido ao seu rápido definhamento. Foi uma mulher com a vida maldita, apanhou do marido até seus últimos dias.
Silvia costumava ser uma moça feliz e cheia de vida nesta cidade maravilhosa que é Viçosa. Suas alegrias duraram somente até o momento em que conheceu Henrique, um rapaz trabalhador, mas muito bruto. A paixão foi avassaladora entre os dois, e logo veio o casamento. Embora, estivesse casada e ao lado do homem que amava, Silvia esmorecia a cada dia que a observava. A pobre criatura entristecia-se diversas vezes, mas jamais se libertava do que lhe fazia tanto mal.
Com o passar do tempo, a notícia se espalhou, e a causa da tristeza de Silvia foi revelada. A pobre mulher era surrada pelo marido frequentemente, e o último episodio a havia levado ao hospital. A vítima jurou denunciar seu malfeitor, mas se esqueceu rápido do assunto em meio aos falsos perdões do marido. O casal se mudou do bairro e eu, recentemente, soube que Silvia havia falecido, afinal, não existe corpo capaz de aguentar tantos maus tratos, e o mais triste é que este foi o destino que ela mesma escolheu, foi refém do próprio amor.
Enfim, tomei por lição esta história da moça que tornou-se velha mais rápido do que pensava. Pela primeira vez, presenciei alguém, literalmente, morrer de amor. Henrique casou-se novamente, e desejo mais sorte à sua nova esposa. Será que os brutos também aprendem? A resposta eu desconheço, o que importa é que jamais esquecerei a história de Silvia, que se doou por completo, e em troca recebeu castigos e opressões. Quando Silvia e Henrique se casaram, ocorria todos os dias um assassinato, um assassinato da alma, bem aqui, na casa ao lado.

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